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100 anos da Semana de Arte Moderna: Do Movimento Antropofágico até os dias de hoje

  • mgessy70
  • 7 de mar. de 2022
  • 4 min de leitura



Tarsila do Amaral estava em Paris quando aconteceu a Semana de Arte Moderna e só ficou sabendo sobre o evento através das cartas da amiga Anita Malfatti. Ao retornar ao Brasil logo se juntou a Anita Malfatti, Mário de Andrade, Menotti Del Picchia e Oswald de Andrade, formando o Grupo dos Cinco.

Eu tinha feito esse quadro para presentear Oswald de Andrade no dia do seu aniversário em 11 de janeiro de 1928. Quando voltei a ver o quadro pela manhã, me assustei, achei uma coisa monstruosa.



Abaporu, de Tarsila do Amaral, 1928


Era uma cabecinha pequenina com aqueles pés enormes, sentado numa superfície verde. Oswald também se assustou: 'Isso parece um antropófago, um homem da terra'. Procurei antropófago num dicionário antigo da língua tupi-guarani do jesuíta Antonio Ruiz de Montoya. Para dizer homem, por exemplo, na língua dos índios era Abá. Folheei o dicionário todo e nas últimas páginas vi a palavra Poru e quando eu li dizia homem que come carne humana, então achei, ah, como vai ficar bem, Aba-Poru. E ficou com esse nome.”




Capa da revista Antropofagia, 1928


“Só a antropofagia nos une. Socialmente. Economicamente. Filosoficamente.”


“Tupy, or not tupy that is the question.”


“Queremos a revolução Carahiba. Maior que a revolução francesa.”


Trechos do Manifesto Antropófago que foi publicado por Oswald de Andrade na primeira edição da revista da Antropofagia, em 1928.

O texto remete aos rituais de guerras de tribos indígenas brasileiras que devoraram os adversários para assimilar o que havia de bom no inimigo.

“Se me perguntassem qual o filão original com que o Brasil contribuiu para este novo renascimento, eu apontaria a arte de Tarsila. Ela criou a pintura ‘pau-brasil’ (...). Foi ela quem deu as primeiras medidas de nosso sonho bárbaro na Antropofagia de suas telas.” Oswald de Andrade


MOVIMENTO TROPICALISTA



Em 1968, sob a influência dos poetas concretistas e do Manifesto Antropofágico de Oswald de Andrade, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Torquato Neto e outros fundam o Movimento Tropicalista que propõe a fusão entre o antigo e o moderno, o nacional e o estrangeiro, cultura de elite e cultura de massa, a junção de gêneros musicais e da música de vanguarda e popular.


O conceito do tropicalismo se estende a outras expressões artísticas nacionais como o Cinema Novo de Glauber Rocha com Terra em Transe, o Teatro Oficina de Celso Martinez Correa e sua encenação do Rei da Vela de Oswald de Andrade e nas artes plásticas os parangolés e a instalação "Tropicália", de Helio Oiticica.


Tropicália - Caetano Veloso


Sobre a cabeça, os aviões

Sob os meus pés, os caminhões

Aponta contra os chapadões

Meu nariz


Eu organizo o movimento

Eu oriento o Carnaval

Eu inauguro o monumento

No Planalto Central do país


Viva a Bossa, sa, sa

Viva a Palhoça, ça, ça, ça, ça

Viva a Bossa, sa, sa

Viva a Palhoça, ça, ça, ça, ça...



MANIFESTO DA ANTROPOFAGIA PERIFÉRICA




Mário de Andrade, em 1942, já apontava para sua principal falha e, consequentemente, do Movimento Modernista: " chego no declínio da vida com a convicção de que faltou humanidade em mim . Meu aristocracismo me puniu."


No Movimento Antropofágico, de 1928, Oswald de Andrade fala em nome burguesia. Em 2007, Sérgio Vaz, poeta considerado marginal, lança o seu Manifesto da Antropofagia Periférica não a favor mas contra a burguesia dominante.

“A Periferia nos une pelo amor, pela dor e pela cor. Dos becos e vielas há de vir a voz que grita contra o silêncio que nos pune. Eis que surge das ladeiras um povo lindo e inteligente galopando contra o passado. A favor de um futuro limpo, para todos os brasileiros.”


“A favor de um subúrbio que clama por arte e cultura, e uma universidade por diversidade (…) Contra a arte fabricada para destruir o senso crítico, a emoção e a sensibilidade que nasce da múltipla escolha. (…)


É preciso tirar da arte um novo tipo de artista: o artista-cidadão. Aquele que com sua arte não revoluciona o mundo, mas que não contemporiza com a mediocridade que emburrece um povo desprovido de oportunidades. (…)


Contra a arte patrocinada pelos que corrompem a liberdade de opção. Contra a arte fabricada para destruir o senso crítico, a emoção e a sensibilidade que nasce da múltipla escolha.

A Arte que liberta não pode vir da mão que escraviza.


Contra o racismo, a intolerância e as injustiças sociais das quais a arte vigente não fala.

Contra o artista surdo-mudo e a letra que não fala.


Aquele que na sua arte não revoluciona o mundo, mas também não compactua com a mediocridade que imbeciliza um povo desprovido de oportunidades. Um artista a serviço da comunidade, do país. Que armado da verdade, por si só exercita a revolução.



“Nas pegadas da liberação do Tropicalismo, a chamada poesia marginal, marcada por procedimentos que começaram a proliferar significativamente nos anos de 1970, assumido basicamente por jovens, exibe uma produção, variada e irregular.


Coloquialismo , com ampla liberdade de expressão e retomada dos caminhos abertos pelos modernistas de 22 ( na direção da valorização poética do cotidiano, que se abre para várias expressões artísticas que ganham na atualidade um sentido marginal e grupal que na poesia, na prosa, como na dança, na pintura mural, entre outras tantas tendências contemporâneas).



 
 
 

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